Decepcionamo-nos tanto com algumas pessoas que chegamos a pensar que melhor seria não tê-las conhecido e que a passagem delas pela nossa vida não merece sequer ser recordada. Por exemplo, uma pessoa que, depois de ser ajudada repetidas vezes, rouba, engana ou fala mal de seu benfeitor. Neste caso, deve-se ter tolerância? Não! Não há que tolerar a má intenção, pois se o fizermos, também estaríamos no erro, aceitando as mesmas práticas, nesse caso não seria tolerância e sim conivência.
Porém, há alguma razão para que os seres se encontrem, se vinculem? RAUMSOL, criador da Logosofia, publicou em seu livro Introdução ao Conhecimento Logosófico, pág. 465:
“Os seres não se encontram no mundo porque sim; há algo que os aproxima, que os vincula”.
Mesmo com uma companhia desagradável, posso aprender algo? Claro que sim, os maus exemplos também ensinam. Neste caso, posso aprender como não fazer, como não devo ser. Caro leitor, permita-me discordar daquela bela canção de Tom Jobim quando diz: “se todos fossem iguais a você, que maravilha viver!”. Se todos fossem iguais a uma determinada pessoa, ainda que essa pessoa fosse maravilhosa, a vida seria um tédio, uma monotonia insuportável.
Ao repassar minhas experiências, recordo com mais nitidez as pessoas que foram gratas à minha vida, agrada-me o fato de que permaneçam vivas em minha recordação. Outras passaram “en passant”, como sintetiza a expressão em francês. Nesses casos, não fica mais que uma vaga lembrança. Há outros casos, porém, que nem sequer a lembrança é bem vinda. “Nem me fale, não gosto nem de lembrar”, é o que se diz com tristeza.
Mas, cuidado! Por mais desagradável que tenha sido a experiência, é importante tê-la em conta, pois se a esquecemos, ela não poderá prevenir-nos de enganos futuros. Assim, cada experiência vivida funcionará como uma luz para iluminar o caminho à frente. Quem já dirigiu à noite, numa estrada escura, sinuosa e esburacada, compreenderá melhor a importância de usar os faróis. Quem já teve decepções na vida de relação, mais ainda.